Arte Literatura Poesia Ricola de Paula

Outro dia

A geada queimou
os dissabores
antes do seu
chá de sumiço.

Tomei chá
das folhas
semi-mortas.
Milagrosas
são mistérios
tantas curas.

Não sabes tu
o bem que faz.

Não vi os lírios do campo
nenhum grão de mostarda.

braquiária braquiária
capineiras, pastagens
braquiária braquiária

Nenhum ananás
no barranco
nenhum fruto
nos caraguatás.

Apenas pés de cupins
e cercas mortas.

Embromei por horas as bromélias.
Acalento o silêncio que mora
dentro da gruta que chora.
Deslizo meus dedos
na superfície pedra.
Mato minha sede com as lágrimas.

Sinal de vida nas rachaduras
o sussurrar da bela orquídea
parede e meia com as pedras.

Sei que algo a mais brilha
no coração daquela mina.

Meu amor cresceu nessa mata
tem na saliva, um gosto diferente
de cada fruta, de cada folha.

Ricola de Paula

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