Em breve, o lançamento do “Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar” – Enquanto isso vamos ler a crítica e relembrar o “Piratas do Caribe – Navegando em Águas Misteriosas”.
PIRATAS DO CARIBE 4 – Navegando em Águas Misteriosas (Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides)
De Rob Marshall, 137 min
Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides
Ação/Aventura
Direção: Rob Marshall
Roteiro: Ted Elliott e Terry Rossio
Elenco: Johnny Depp, Penelope Cruz, Geoffrey Rush, Ian McShane, Kevin McNally, Sam Claflin, Astrid Bergés-Frisbey, Stephen Graham, Keith Richards, Richard Griffiths, Oscar Jaenada
Em 2003, era lançado “Piratas do Caribe – A Maldição do Pérola Negra”, filme baseado em um brinquedo (!!!) dos parques temáticos da Disney, que causou impacto imediato no mundo da Sétima Arte, calcado no roteiro inspirado, nas imagens impressionantes e principalmente na atuação icônica de Johnny Depp, para todo o sempre imortalizado como o Capitão Jack Sparrow. Com a bilheteria farta, vieram as inevitáveis sequências “Piratas do Caribe – O Baú da Morte” (2006) e Piratas do Caribe – No Fim do Mundo (2007), sempre dirigidos por Gore Verbinski, mas sem repetir a genialidade do filme original.
Decidida a trazer seu moneymaker de volta, a Disney se prepara para mais uma trilogia, de cuja primeira parte falaremos agora, “Piratas do Caribe – Navegando em Águas Misteriosas”. Para substituir Verbinski no comando das filmagens da nau bucaneira, foi escolhido o talentoso cineasta Rob Marshall,que já nos brindou com os impecáveis “Chicago”, “Memórias de uma Gueixa” e “Nine”.
Fartos 200 milhões de dólares de orçamento, um diretor competente e um elenco de primeira grandeza…então estamos certamente diante de uma nova obra-prima, como o primeiro filme, certo? Well, não é bem assim… “Navegando em Águas Misteriosas” é uma bela diversão, mas não vai muito além disso. Apesar de contar com a atuação sempre inspirada de Depp e com os demais predicados que já citei, as avanturas de Sparrow claramente demonstram cansaço. É urgente a necessidade da Disney de se reinventar, de buscar novas inspirações, ou fatalmente chegaremos ao final da nova trilogia mais interessados um relembrar a obra-prima de 2003 do que em assistir ao novo filme, mais ou menos como aconteceu com “Shrek”.
Vamos à trama: agora o Norte da história é a busca pela lendária Fonte da Juventude, cujo mapa, claro, está nas mãos de Sparrow. Além de Jack, também possuem interesse na Fonte: a Coroa Britânica (com Barbossa agora sob a bênção de sua Majestade), a Espanha e o temível pirata Barba Negra e sua filha.
A sequência inicial é muitíssimo divertida e bem rodada, com Jack nos brindando com mais uma de suas fugas espetaculares, desta vez dos grilhões do Rei George II (vivido por Richard Griffiths), em Londres.
Em seguida entra em cena a mais nova personagem significativa nas crônicas sparrownianas: Angelica, vivida por Penélope Cruz. Nos é revelado que ela foi um antigo amor de Jack (e como é peculiar na vida deste pirata, era uma relação de amor e ódio, claro). O que ele não sabia é que a moça era filha do terrível Barba Negra (vivido por Ian McShane), que demora a aparecer, mas quando o faz, é de forma marcante.
Jack embarca então (não de forma muito voluntária…) no “A Vingança Da Rainha Ana”, navio comandado pelo Barba Negra, e que tem Angelica como segunda em comando. Sem a dupla original que era encarregada do romance da história, Elizabeth (Keira Knightley) e Will (Orlando Bloom) o trabalho ficou com o religioso Philip (vivido por Sam Claflin) e a sereia Syrena (papel de Astrid Bergés-Frisbey). Mas eles não chegam aos pés do casal original em importância para a trama, mas o maior problema mesmo são as fracas atuações do casal, que não demonstra química e tampouco talento.
Atuações dignas de nota são mesmo as de Depp – sempre fantástico como Sparrow, apesar que já começa a cansar… não diverte e impressiona como em outrora – Geoffrey Rush, com seu Barbossa profundo e obstinado, que não chega a ser uma virtuose como o espetacular papel de Rush em “O Discurso do Rei”, mas que rivaliza com Depp em carisma nas cenas em que estão juntos, e finalmente, Penélope Cruz, muito mais atriz que Knightley, ela se encaixou muito bem na trama, além de possuir ótima química com Depp. Seu charme e talento vieram para ficar, sem dúvida.
A Direção de Rob Marshall é correta, mas ele parece meio deslocado nesse filme, eu esperava uma película de visual arrebatador – ponto forte de Marshall – mas o que se vê quase chega a decepcionar. As mudanças visuais em relação ao filme anterior são ínfimas. A Fotografia é sombria demais, o que eclipsou o diferencial do cineasta. E ele parece não ter muita aptidão para filmes de ação, dado as cenas de batalha que não decolam.
Filmado em 3D real, pouco se nota a diferença para a versão em 2D, principalmente pela já citada Fotografia mais voltada para o dark. A exceção é a belíssima cena com as sereias (infelizmente pouco aproveitadas na trama, que utiliza a cena apenas como desculpa para introduzir a personagem vivida por Astrid Bergès-Frisbey na história. Em “cardume”, as sereias ficam muito mais interessantes), sem dúvida, a mais arrebatadora do filme, visualmente falando.
Falta ritmo para o roteiro de Ted Elliott e Terry Rossio, que foi baseado no livro “On Stranger Tides”,de Tim Powers… problema esse que já havia sido sentido no filme anterior. Nada aqui é ruim, mas também nada se aproxima da excelência.
Já a Trilha Sonora, de Hans Zimmer… essa sim é de grande qualidade, seguindo os passos da trilogia anterior.
Não saia antes dos créditos finais, pois novamente temos uma cena após eles, apesar que ela não é tão inspirada como as dos filmes anteriores.
Em suma, “Piratas 4” não é uma obra-prima, não deverá ficar em sua memória por muito tempo, mas mesmo assim é uma bela diversão para toda a família. Não perca, mas prefira a versão em 2D.
DALTO FIDENCIO