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Planeta dos Macacos – A origem

PLANETA DOS MACACOS – A ORIGEM
 (Rise of the Planet of the Apes)
 De Rupert Wyatt, 106 min

Rise of the Planet of the Apes
Ficção Científica / Ação
Direção: Rupert Wyatt
Roteiro: Rick Jaffa e Amanda Silver
Elenco: Andy Serkis, James Franco, John Lithgow, Tom Felton, Freida Pinto, Brian Cox, Tyler Labine, David Hewlett, Sonja Bennett, Jamie Harris, Leah Gibson, David Oyelowo.

Era o ano de 1963 quando foi lançado na França uma obra que se tornaria icônica na literatura européia: “O Planeta dos Macacos”. O livro de Pierre Boulle trazia uma espetacular mensagem de crítica social imersa numa história surpreendente e originalíssima. Demorou apenas cinco anos para que a história chegasse aos cinemas pelas mãos do cineasta Franklin Schaffner, tendo Charlton Heston como astro principal. Foi um enorme sucesso, que rendeu quatro sequências até o ano de 1973.
Como Hollywood sempre volta seus olhos para os clássicos, pois são praticamente certeza de boa bilheteria (e quase nunca certeza de boas produções…mas aí já é outra história), em 2001 foi realizado uma releitura pouco fiel ao filme de 68 (e menos ainda ao livro), dirigida pelo genial Tim Burton, mas infelizmente foi um filme confuso que não deixou saudades.

Com isso, quando foi anunciado que teríamos um prequel (contar o que aconteceu antes da história que já conhecemos) do clássico, eu temi pelo pior. Mas tive uma bela surpresa, pois o cineasta britânico Rupert Wyatt nos entregou – senão uma obra-prima como a produção original – ao menos um trabalho elogiável, um ótimo filme!
A trama mostra como aconteceu a derrocada da humanidade, e o que aconteceu para que os símios tomassem nosso lugar como a espécie dominante no planeta.

Will Rodman (vivido por James Franco) é um cientista que trabalha para uma empresa farmacêutica chamada Gen-Sys, e está prestes a descobrir a cura para o Mal de Alzheimer. Os testes do novo medicamento são feitos em chimpanzés e os resultados são mais do que animadores. Mas um acidente ocorre e os primatas acabam por ser sacrificados… todos menos um filhote, nascido da mais promissora cobaia até então. Ele é levado para casa por Rodman, e vemos então o desenvolvimento físico e principalmente mental de Caesar, nome com o qual foi batizado o filhote… Aqui vale citar duas atuações: primeiro, John Litggow, que vive o pai de Will, Charles Rodman.
Sempre um ótimo ator, é muito bom vê-lo de volta às grandes produções, depois de um tempo afastado.

Mas vale lembrar seu marcante trabalho na ótima série Dexter, nesse hiato. Charles sofre de Alzheimer, e é exatamente o estado de seu pai que motiva Will a tentar achar a cura para a doença. A segunda atuação de destaque é para o “desconhecido mais famoso de Hollywwod”, o estupendo Andy Serkis. Mestre na arte da atuação de captura de imagem, ele já nos entregou trabalhos memoráveis, encarnando Sméagol/Gollum, em “O Senhor dos Anéis” e o gorila icônico em “King Kong”. A Weta Digital é inigualável neste assunto, e conseguiu desenvolver ainda mais a tecnologia usada em “Avatar”. Serkis dá um show, e com a ajuda da Weta, nos entrega um Caesar impressionante, com expressões mais do que humanas. Sua atuação quando junto aos de sua raça também é louvável. Há de chegar o dia em que Andy Serkis será indicado ao Oscar.
Já merece desde que buscava de forma lamuriosa recuperar um certo “Precioso”… A Direção de Wyatt é precisa e inspirada, e o roteiro de Rick Jaffa e Amanda Silver pode não ser brilhante, longe disso, mas desenvolve muito bem a história, sem deixar furos. Apela para alguns velhos clichês, é inegável, mas o resultado final é muitíssimo satisfatório. Vale citar que a Direção foi oferecida antes para Robert Rodriguez e Kathryn Bigelow, mas eles recusaram.

O fã dos filmes antigos vai se deliciar com as diversas homenagens feitas neste novo “Planeta dos Macacos”… vou resistir à tentação de numerar as que achei para não estragar o prazer de quem for assistir, mas aqui vai a mais explícita: “Olhos Brilhantes”… apelido antes do Coronel Taylor no filme clássico, agora é o vulgo da mãe de Caesar.
Caesar demonstra, desde filhote, um desenvolvimento superior aos de crianças humanas com idade equivalente. Mas após um acidente, já em idade adulta, a justiça obriga que ele seja levado a um abrigo de símios, onde o destino de Caesar (e da humanidade) mudará completamente.

Os fãs de Draco Malfoy poderão ver Tom Felton interpretando Dodge Landon, num papel pequeno mas importante para a trama. E a belíssima Freida Pinto também se faz presente, vivendo a veterinária Caroline Aranha…. mas seu papel é irrelevante.

A Trilha Sonora de Patrick Doyle é precisa, a Fotografia, de Andrew Lesnie, enriquece os ótimos efeitos visuais que focam nos símios, e a Direção de Arte casa perfeitamente com o trabalho de Lesnie. A Montagem, de Conrad Buff IV e Mark Goldblatt é excelente, de primeiríssima categoria.

O filme vai num crescente, e culmina numa espetacular cena na ponte Golden Gate, num embate entre humanos e macacos. Mas a cena que mais fica na memória é uma que não tem nada de especial no visual e sim no som de uma única e surpreendente palavra: “não!”.

“O Planeta dos Macacos – A Origem” não tem a genialidade do original de 1968, a crítica social nem chega perto da encontrada no clássico, nem o roteiro tem a mesma inteligência, mas tudo isso não impede que tenhamos aqui uma ótima produção, que soube honrar suas raízes nobres.
É sem dúvida uma das gratas surpresas do ano, e deverá iniciar uma nova franquia de sucesso em Hollywood. Recomendadíssimo.

 

DALTO FIDENCIO
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  twitter.com/DaltoFidencio

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