Ela troca a torneira
sem usar sua chave de grifo.
Fecha o dilúvio que até ontem alagava
seu mundo com aquosos pensamentos.
O peso extra, a massa, o passado
como colocar todos os bichos na arca
como não aprender com a experiência.
Sentimentos que você não respira
consequentemente você os paralisa.
Represa, barragem, lago, laguna.
Ela deslancha sem culpa
sobre águas que não passarão no hidrômetro.
Tarde molhada, senti o perfume de verbena
que inundava seu corpo.
O mar estava virado.
Ela não queria saber
sobre salmões lotados de mercúrio,
sobre o pudim de maizena e blá…blá…blá,
sobre a carne de isopor das maças.
Que o primeiro poema sempre será tosco
sempre será um desabafo.
Ela não ainda não sabe sobre um arrepio sagrado
o termo alemão “Begeisterung”,
explica que a pessoa esteja possuída por alguma
coisa superior, que é o Espírito Humano,
jáo termo grego “Enthousiasmós” ainda é mais
explícito, indicando que um deus
tomou posse da pessoa.
Agora esse outro arrepio que singra
as veias do meu corpo
tesão que arrebenta
até as tiras do chinelo
aquela tênue sensação
de estar totalmente
possuído pelo encanto
ao acordar e ver
você feliz, sorrindo.
Ricola de Paula