Arte Literatura Poesia Ricola de Paula

Nas sombras

Nas sombras
do losango caqui

tal descarga de dióxido
que escapa pelo cano
fumega o pombo faminto
e o pardal pálido tomba
doente de insolação.

Imagens que entopem
as vias respiratórias
com palavras e avenidas
outrora visitadas
por Mário e andróides
com patentes alfinetes
marcham com botas.
Retos e apagados
como postes de cimento.

Encanado como o gás
gentilmente vazo.

Implica na batida do sino
no entupimento do sinus
de um tal general osório

até mesmo qualquer outro
milico com amnésia galopante
venha
em público balbuciar
apalpar
a palavra ditadura.

Saiba que guardei munição
para os dias de trevas
palavras afiadas
nas pontas das baionetas.

Desconcertado

Depois de tantos anos
trancado no seu sótão
não repara tá faltando
uma tecla no seu piano.

Sua boca convida
levemente insinua
secura, silêncio
um basta aos
beijos molhados.

Ora!ora!

Ela sempre vai se embriagar de “éter “
reverberar o negativo, acabar perdendo
no seu jogo de impaciência,
esmurrar o espelho e dar chutes na lata
do elevador.

Passado alguns instantes de cólera,
colocará uma mão no celular e a outra
no pescoço do coelho maluco

apavorado, ele tenta, mas não consegue
escapar ileso da sua cartola.

Prêmio por transitar a Consolação

Quase bem perto do sétimo céu
camelos…agulhas…anelos
moldo às nuvens conforme seus
desejos eróticos
eles apenas engraxam a máquina
de fazer solidão.

Bora!Bora!

Revolto será sempre um mar virado
um mar salgado.

Com tubos e ondulação perfeita
golfinhos saltam e eufóricos
resvalam nos bicos das gaivotas.

Pacifico beberás então o sagrado
no elixir da boa vontade.
Ricola de Paula

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