Guardar o nada
esperar que outras
palavras alinhem-se
no seu silenciador.
Posso ouvir o estampido
o rumor que aquela frase
provoca no seu coração.
Nossa santa eletricidade
que escancaradamente
transpira luz pública.
Tubo com ferro e cimento
erectus no altar das ruas
Iluminando criaturas.
Sei da minha surdez
quer obliterar meu sorriso
um remo só pode me levar
ao reino, a velha eternidade,
palavra com peso sem fim
desde o principio
o mesmo fim engatinhando
com outras crianças
comendo barro seco
em outro rio morto
neste exato momento
em que escrevo.
Golfinhos batendo palmas
no mar de isopor e sacolas
plásticas.
De que vale a ciência do fogo
ficamos pobres enriquecendo
toneladas do melhor urânio.
Formatando paranoia
globalizando a fome
na inquisição do obscuro.
Ricola de Paula