O Voo Incerto da Mariposa ou Sobre o Real e o Ilusório – Livro de Wagner de Souza
O Voo Incerto da Mariposa ou Sobre o Real e o Ilusório revela a história de um homem que, sem memória, acorda em uma metrópole totalmente devastada por um bombardeio. Sem ter para onde ir ou a quem recorrer vaga sem rumo pelo cenário desolador que o cerca, envolvendo-se superficialmente com personagens confusos e improváveis, obscuros em seus atos e intenções, refletindo assim o próprio estado de espírito, ou mental, do protagonista que parece não buscar nada e não se importar com sua amnésia. No entanto, apesar da superficialidade das relações entre os personagens, esses são inerentes, pois assim como uma mariposa se utiliza da luz para guiar-se e diante da luz artificial se perde voando em círculos, o “herói” e sua desventura utiliza esses que encontra pelo seu caminho errante como guias sinalizadores que o levarão para uma jornada pelo desconhecido que pode ser sua salvação ou significar a total perdição.
Esta é a história de um homem comum, com sonhos comuns e vícios. Perdido nas escolhas da vida e nas dificuldades que ela nos impõe. A história que poderia ser a história de qualquer um de nós.
O Voo Incerto da Mariposa ou sobre o Real e o Ilusório é um livro inspirado em sonhos, daqueles que, quando você acorda, sente-se incomodado e fica pensando nele o dia todo. É baseado também, naqueles dias em que você se olha no espelho e não se reconhece, como se algo sutil demais para evidenciar suas suspeitas estivesse incorreto, substituído ou alterado. É o tipo de relato que você escreveria em um diário onírico, caso tivesse um, após um pesadelo ou uma daquelas terríveis paralisias do sono quando você acorda com uma menininha fantasmagórica ao seu lado da cama ou com uma mariposa de um metro e meio sobre seu corpo.
Os problemas que acometeram o personagem, cujo nome só é revelado nos últimos capítulo, não são o tipo de problema trágico ou que demande de um grande esforço explosivo para enfrentar ou fugir. Salvo a perda pessoal que ele e Lucy tiveram e os problemas que isso acarretou. Seus atos também estão muito longe daqueles atos de heroísmo desperto após uma situação inesperado que faz com que homens comuns se transformem em heróis ou vingadores. Não! Este é o tipo de história de pessoas que, dia após dia, são minadas pelos pequenos incômodos da vida, pois são as crônicas de um homem que foi lentamente esmagado pela morsa indiferente do cotidiano sem surpresas ou alegrias e pouco à pouco viu seus sonhos e ideais tirados ou substituídos por coisas menores, diferentes do que realmente esperava causando aquela incomoda sensação de frustração que logo apagam os sorrisos a atenuam para algo pálido o brilho nos olhos. É uma busca por algo que valha a pena viver, um sentido para a vida que o próprio Henrique Davi alertou-o clichê e inexistente: “O sentido da vida é viver, cara…” – Mas para o herói não era o bastante ele queria uma resposta, um caminho e por isso acabou escolhendo caminho nenhum. Ele queria ouvir a voz de Deus em resposta a suas orações, mas ao contrário, rezava com aquela sensação de quem está falando sozinho. Se ele fosse como Tomé seria o Tomé de Caravaggio que não se contentou em ver as chagas de Cristo, mas enfiou o dedo nelas.
Caminhando com este “herói” e suas desventuras logo perceberá algo de comum, uma familiaridade incomoda, pois foi justamente nestas histórias comuns a muitas pessoas que geminou esta fictícia: uma perda; um deslize; um vício; frustrações… Estas foram as sementes cultivadas do cotidiano apocalíptico que dia-a-dia floresceram na vida de todas as pessoas e no crepúsculo dos dias somados tornou-se uma frondosa árvore que fará sombra a sua história e será sua vida.
Alguns poderão dizer que no caso da astronomia efetivamente o personagem pouco fala ou parece saber já que era seu grande sonho profissional, mas verdade é que eu não quis encher a história com termos técnicos ou grandes equações matemáticas e deixar o livro maçante para o leitor. É bom deixar claro que este é um livro somente de entretenimento, as reflexões filosóficas são só um bônus. Já quanto aos sapatos sociais de alto padrão, apresentar uma obsessão por tais calçados adquirida após anos infelizes no ramo o fez, quase que, classificar as pessoas pelo que e como usam seus sapatos.
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