Por Ronie Von Martins
A garrafa pet de água gelada. A travessa de xícaras e o açucareiro. Possibilidades.
A mesa azul e as cadeiras estofadas ao redor. Ao redor todo o silêncio, toda a mordaça do argumento.
E os espaços que se fazem a cada passo dos corpos que se afastam nas proximidades perdidas.
A televisão que observa o mundo através de boca escura, dentes que devoram a imaginação e a imagem em sombra que lá fica. No fundo.
Escrivaninhas que põem suas línguas-gavetas em abusadas caretas de papel e desordem. Outras tão vazias que assustam.
As janelas e seus tapa-olhos coloridos e desbotados pelo sol que agora era a lua. E além da lua minha palavra. Verbos em cantoria ritualística. Mantra de ausência e presença. Espaços de um devir.
Meu corpo que pela janela não vai, nem salta nem morre. Porém não vive nem grita.
Na perna a corrente funcional e o número. Público serviço a que me presto. Perco-me em tão inusitado estado de apatia. Corpo variante e vago pelo limbo.
Sujeitar o pé no traço de um caminho ido e gasto. Farto.
Parto que se faz diário.
Lindo !