Arte Literatura Poesia Ricola de Paula

Depois da tempestade

Com uma
certa violência
enfiou tudo que incomodava
na gaveta
daquele movelzinho da sala,
suas anotações sobre o desespero
e outros desejos frustrados,
conta do advogado
receitas para amnésia
enxaqueca e alergia.

Deu uma volta, selando o trinco.
Deglutia a chave enquanto
calçava seus sapatos.
Ao dar os primeiros passos na calçada
sentiu uma estúpida vontade de chorar,
cada lágrima que escorria,
ao cair abria um buraco no cimento.
Buraco do sujeito morto
sem objetivos
sem predicados.

Ricola de Paula

Deixe uma resposta