Por Gilberto Silos
Luz sem brilho, emergi do caos profundo,
Quando Deus se movia sobre a face das águas,
E a terra era sem forma e vazia.
Então fez-se a Luz, manifestou-se a Vida.
Era o primeiro dia da criação.
Criado à imagem e semelhança de Deus,
Espírito puro e virginal, eu estava lá.
Surgiram os elementos e os seres viventes;
Do Caos ao Cosmo, tudo se organizou.
Como manifestação da Divina Inteligência,
Coroou-se o Gênesis com o Jardim do Éden,
Magnífico, esplendoroso; e eu estava lá.
Tentado que fui, comi do fruto proibido;
Meus olhos se abriram e conheci o Bem e o Mal.
Expulso do Jardim, ouvi a maldição do Senhor,
Amarguei as agruras da Queda.
Crucificado na matéria, perdi a pureza,
No suor do rosto tive de comer o pão.
Tornei-me mortal e muitas vezes retornei ao pó.
Deixei a casa paterna para cair no mundo;
A vários senhores servi; o resto dos porcos comi.
Desci aos infernos e à mais nefanda degradação.
Depois de tanto sofrer lembrei-me
De meu amoroso Pai aguardando meu retorno.
Lembrei-me de minha herança Divina,
Do Fogo Sagrado recôndito em mim.
Consciente, iniciei o caminho de volta;
Cruzei o Mar Vermelho, atravessei o Deserto.
Filho Pródigo, subi a Montanha,
Pés cansados e feridos, não me detive.
Para caminhar mais célere até Ele,
Abandonei minhas vestimentas.
Deixei tudo na poeira do caminho:
Vaidade, orgulho, arrogância, egoísmo,
Exorcizando , então, os demônios da Queda.
Com a alma leve subi mais rápido,
E, finalmente, no topo do monte,
Encontrei-me em meu antigo lar.
Aos prantos, recebi o abraço de meu Pai.
Não éramos Pai e filho se abraçando,
Éramos um só espírito, uma só Luz.
Descobri, que desde o princípio dos tempos,
Eu e o Pai sempre fomos UM.