guarda aspas
guarda colchetes
guarda lembranças
esquecidas em um tempo
em que nós vivíamos
sem tempo.
Senti
o arrepio refrigerado
de quando o sol
mansamente se vai
deixando as sombras
reinarem sobre o dia.
Uma chávena de chá
de jasmim pro cê
outra pra mim.
Fieira de fantasmas
escondidos no azul
borrão dos pratos.
Cachepots, elefantes
brancos adormecidos,
velhos riscos inúteis
poderiam ter vida
caso suas mãos
outra vez pousassem
sobre a faiança
inté mesmo
sobre esculturas
em cerâmica
hoje, adormecidas
no relento
nuas
e abandonadas.
Deixaria transparecer
o brilho daqueles anéis
com safiras, rubilitas.
A elegância
que suas mãos
transpiravam
mandalas inéditas
flores vivas
tão raras como
o azul borrão
da Companhia
das Índias.
Ela ria muito quando
eu falava assuntos
irrelevantes mas
ao mesmo
tempo fantásticos…
Cloisonnes chineses
restaurados
com chiclets adans
e anelina de uva.
Ela ria muito…
Ricola de Paula