Por Ronie Von Martins
A bola. O campo. Multidão. Tensão. Os times. Inimigos. João, Pedro, Paulo. Bolinha. Careca. Emílio. Santino. Agripino, Santiago. Rosca. No gol. Bolha. Os outros. Moleke, Maluco, Melado, Tião, Tóin. Quebrado, Antena e Feijão. Sujeira, Pé de Mula. No gol o Anta. O apito. Bola pro Agripino. De Agripino pro Rosca. Sujeira rebate, bate. A torcida. O grito. Falta! O juiz o apito. A briga. O soco. A surra. A fúria. A bola muda. O pé a mão o braço a chuteira. O olho, a barriga, a mão. O grito, o palavrão, o tapa, o bofete. A polícia. Os cães. Os dentes, a mordida, as correrias… mais gritos, mais mordidas. O rosnado, o cacetete, a voadora, a corrida…O repórter. O flash. A notícia. As risadas, os palavrões. A torcida. A loucura. Os corpos na tela. A tela no chão. A massa. A fúria. A violência. O caos. Os gritos. O medo. Os tombos. Os pisões, os esmagados. Os covardes, os maldosos, os imorais. O cuspe a pedrada. O pânico. O Bolha foge, Pé de Mula alcança. Dois pés nas costas. O tombo. Bolinha bate, Antena bate, todos apanham. O juiz. Os cartões no chão. Também o juiz. A bandeira. O bandeirinha esgrima, defende, bate e é engolido pela massa. O jornal. A manchete. O esporte. A vergonha. No campo. Perdida, escondida, abandonada, indiferente, ausente, morta, vencida, perdida… Sozinha, única, silenciosa a bola.