Enxergo-te, mesmo distante,
Já sem lágrimas, de cabelos loiros,
Pejadas nessas cidades alheias,
Condenadas à solidão e à angústia.
Mãe dos negros, violentada.
Entrevejo nos seus olhos
O latinar das suas lágrimas
Devaneando no seu corpo
Mística de ruga e melanina.
Pai, pobre velho, de pele mirra
Como as cinzas do carvão.
De rosto cuspido, ironizado.
Me pobre madala
Minha sofrida mãe, minha escrava mãe!
Outrora das vozes adormecidas no chão.
O sol vai rugindo, oh mãe!
Meu pai olha para as palmas
Sem pão.
Ernesto Moamba