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A toda a parte

A alma gritou dentro da mente.

E a mente reverberou toda dor:

parte medo do futuro, parte angústia,

parte ansiedade, parte revolta,

parte o sentimento de injustiça.

A alma gritou porque a mente já não lhe dava ouvidos,

de tão imersa na densidade dos dias circulares,

que não levavam a parte alguma.

Eu sou parte fungo, parte vegetal.

Eu sou parte colônia de bactérias, parte animal.

Parte noite, parte estrela, parte lua, todas as nebulosas

e alguns efêmeros cometas.

Eu sou parte carbono, parte hidrogênio,

parte oxigênio, parte nitrogênio,

parte cálcio.

Eu sou todos os elementos de tua tabela periódica

e muitos outros que sequer reconheces.

Parte dia, parte nuvem,

parte sol, todas as ondas eletromagnéticas.

Eu sou meio raio e parte brisa.

Você é a pequena parte que se imagina no comando.

E como pode tamanha pretensão

de sua parte?

Eu digo basta!

Proclamo o fim dos tempos de competição

em nome da nova era de cooperação.

Chega de nos debatermos em perigosas correntes,

sob a ótica de seus ideais efervescentes.

Solta, deixa-se levar em meu barco,

mente,

para navegarmos o mar pleno de vida.

Para fluirmos

– parte paz, parte felicidade.

Pois este é o nosso destino, e nosso propósito.

Reconhece-te em mim ou devoro-te.

Não que eu te odeie.

Mas porque eu te amo.

Juntos nós podemos mover montanhas.

Somos todo o universo.

 

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