Coletânea de poemas traz versos atravessados pelo ritmo e pela visualidade.
Preia-mar é o mesmo que “preamar”. Significa maré cheia.
Com este título, a porto-alegrense Juliana Bem lança neste mês o seu novo livro de poemas, publicado pela Editora Penalux.
A obra é dividida em três partes: IDA, PERMANÊNCIA e MAIS ALÉM.
A primeira parte carrega uma agilidade que não se deixa desvalorizar-se por sua brevidade; ao contrário, as temáticas apresentadas, com seus temas modernos, ganham charme justamente pela brusquidão com que temas de morte, temas de amor, de espera, chegam nos trechos fluídos e ágeis. O movimento de cheia se anuncia no andar pela cidade, nos fluxos de chegar, partir e chover; movimentos que ora são rápidos e rasteiros, ora lentos e perdidos, ora apenas são.
No meio do caminho, fincam-se raízes, criações do fixo, do concreto. É o que representa a parte seguinte do livro. Se é verdade que tudo se transforma, é verdade também que no espaço-tempo entre uma mudança e outra, há o que não muda, o que move sem movimento. O que fica conosco.
Então, nos deparamos com a terceira parte, à guisa de conclusão das duas anteriores. A mudança nos leva além, mais além das formas, dos sentidos, do objetivo. O preia-mar se faz e o ciclo recomeça, mas sempre de uma forma diferente, com nuances que ora pesam e se agarram nas estruturas, ora rompem na fluidez da água, ora rompem na fissura do fogo.
Neste livro, a autora fala das cidades, personificando as ruas pavimentadas com sentimentos, dando corpo humano a estradas que pulsam histórias, que guardam como órgãos humanos, casas, tragédias, como se o todo vivo contido no frívolo cinza do cimento dos prédios formassem uma entidade viva, esta coisa chamada cidade, tão igual mesmo internacionalizada, Nova York, Pequim, São Paulo. Sempre cidades.
Juliana Ben deseja despertar um olhar para os detalhes do cotidiano, além de associar o movimento da maré com a perenidade das coisas, os desafios, as tristezas, as felicidades, tudo que passa com a fugacidade do tempo. No entanto, como eterno-retorno, as emoções e as adversidades voltam inseridas em novos contextos.
Preia-Mar direciona o olhar do leitor para algo que se conserva solidamente entre estas tantas coisas passageiras, algo que vai se formando e se enraizamento, sólido como o afeto, líquido como as relações.
Sobre o autor:
Juliana Ben, nascida das águas de março que fecharam o verão de 1983, é natural de Porto Alegre, RS. Da poesia à antropologia, circula atenta aos deslizes, dobras e atravessamentos possíveis. É autora da obra Te encontro nas minhas linhas em branco (Editora Artesanal Alpendre, 2012) e da Revista SubVersa (Patuá Editora). Em 2013, foi artista residente do projeto de diálogos artísticos Multigraphias, e integra, desde 2015, o coletivo de poetas Abrasabarca. Atualmente, vive em Florianópolis, SC.
SERVIÇO:
Título: Preia-mar – poesia
Autor: Juliana Ben
Especificações: 14×21, 62 p., 1ª edição – Editora Penalux, 2018.
Preço: R$ 32,00 | Link para compra: http://bit.ly/preia-mar_leia
Amostra grátis:
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