Arte Literatura Ronie Von R. Martins

Cartografia de um sonho

1) É um fio – fino. Distendendo-se e indo. (esperança?) Indo no pequeno triciclo e no pequeno menino na grande estrada.
A linha até a bicicleta. Foco na linha – câmera deslizando na extensão da linha ( caminho- continuidade- relações- distâncias- ligamentos…) até a bicicleta.
Menino sozinho na estrada. No meio. ( início – ação de interferir, comungar com o caminho e suas possibilidades – aventura.)
Foco nas pernas e na ação do pedalar. Esforço de pertencimento, de atitude. Busca de seu próprio território. Construção de um caminho singular.
Foco na distância – menino ao longe. A linha.

2) A cidade e a linhas. As linhas são a cidade. (imagens do emaranhamento, caos?) (Vida?)
…a construção e o abandono de relações.
Imagem: sombras: Pessoas que se ligam através de linhas. ( o contato das linhas; amizade, conhecimento, informação, socialização, afetividade, respeito pelas diferenças.)
Imagem: A junção das linhas formam imagens: (livros, corações, mãos dadas… ( ou apenas palavras simbolizando as imagens) (desenhos, rabiscos)
3) A tesoura: monstro sombrio (metáfora)
Símbolo dos problemas e da desunião. Pessoas-tesouras, afiadas e cortantes.
Pessoas-facas, assustadoras
(grandes tesouras e facas)
(pessoas brancas – máscaras brancas todas iguais, luvas brancas, ponto negro no peito)
4) a infiltração : Dança coreografada.
Tesouras e facas misturam-se e em seguida, em movimentos drásticos e teatrais (som forte e angustiante) começam a cortar os fios que unem as pessoas e suas relações.
Morrem as relações. Tombam as pessoas ( coreografia) no ritmo de suas linhas que caem.
Silêncio.
Silêncio.
Uma a uma levantam-se. Sem fios. Com as máscaras brancas. Aproximan-se, olham-se (indiferença) são pessoas-lâminas também. Ameaçam-se com suas novas armas- afastam-se.
No chão as linhas agonizam – relações que morrem – (imagens e palavras que definham)
5) A cidade é fria
Ruas vazias (noite?)
Um cão solitário – um olhar distante – um brinquedo largado – uma janela com trancas – uma sacola plástica no vento. Um casal que se afasta triste. Casas abandonadas. A imagem acaba no branco. Esvaimento total.
6) O som da bicicleta. A linha ( câmera gravando de cima) pés- pernas, mãos, cabeça (nunca o rosto) filmar pelas costas.
Roda girando. (cor?) (cata-vento?)
7) A bicicleta passa pelos casebres. A linha revigora o caminho. ( desenho – foto flores – cores reconstrução estilizada das casas e caminhos.)
(usar fotos das ruas pintadas)

8) O confronto: antes de chegar de fato na cidade o menino é obrigado a parar. Um exército de homens de branco armados de tesouras e facas o ameaçam. (coreografia – dança ritualística de desencorajamento) (Ou desenho, fotos) Cenário negro- som de confronto)
o exército salta pula ameaça e voltam a produzir um muro branco e intransponível. ( produzir tijolos brancos e grandes?) efeito visual?)
9) Câmera no pé da criança. O pedal que se movimento – o som do ranger da engrenagem da bicicleta. ( foco nas máscaras ( todas elas com a mesma cara de assombro)
O menino investe contra o muro branco.
Imagem: a linha rompendo um muro – muros caindo – o sol em frestas, rosto de menino em buraco na parede. (imagens rápidas, alucinantes)
10) o muro cai: os homens jogam-se no chão no ritmo que a bicicleta os toca.
Imagem – a luz sobre a bicicleta que continua o caminho. Câmera na linha. O exército branco levanta-se – furioso – mas percebem que estão todos ligados, unidos pelo fio, estão todos juntos. As máscaras caem, o ponto negro no peito torna-se (uma flor, cata-vento, coração?) surgem os rostos (câmera desliza pelos rostos) levantam as mãos. Estão ligados por linhas coloridas.
Foco no sorriso (só no sorriso), Só nos olhos,

11) Final
Desenho – a linha segue a bicicleta, forma a bicicleta, forma o menino.
Foco: a linha constrói o rosto da criança. ( desenho sobre a foto do rosto do menino em preto e branco até a imagem real do rosto do menino. Inteiro. Sorriso.)

Ronie Von Rosa Martins

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