Por Germano Xavier
NOÉ
Cá para nós, bucaneiros, o filme NOÉ (2014) do diretor Darren Aronofsky é um fiasco – e minha opinião não tem nada a ver com o fato de o longa não seguir à risca o roteiro da parábola bíblica. Adaptação completamente sem sentido, entediante, diálogos desnecessários, momentos de emoção-sem-emoção e interpretações que não convencem a ninguém. Quase tudo parece não funcionar na película de quase 150 minutos e somente a fotografia do filme não fica com nota baixa – há um certo capricho aqui. De resto, desprezível. Sigamos!
MOBY DICK
Como amo esta narrativa! Como amo esta atmosfera bárbara! Sou muito, muito apaixonado pela literatura de Herman Melville, desde a novela “Bartleby, o Escriturário” até sua obra-prima: Moby Dick, um dos livros mais especiais de toda minha vida de leitor. E por falar nela, acabo de ver, pela primeira vez, o filme homônimo. MOBY DICK (1956), dirigido por John Huston, narra a história de fúria e vaidade envolvendo o Capitão Ahab e a monstruosa baleia branca que encera, dentro de si, todas as agruras e flagelos da alma de Ahab. Impossível analisar mais friamente um produto quando mergulhado numa paixão que brotou desde meus tempos mais pueris. Enfim, nem é esse o objetivo aqui… o filme é de bom gosto e não desmereceu, em nenhum momento, a magia do livro. Quem sou eu? Sou um arpoador selvagem do Pequod. E se eu fosse você, assistiria assim que possível fosse. Recomendo a todos os mortais!
1984
O filme 1984 (1984), do diretor Michael Radford, é baseado no clássico do escritor George Orwell e narra a história de um Reino Unido completamente controlado por um regime absurdamente autoritário e torturador. A ideia do Big Brother (Grande Irmão), “olho que tudo vê”, permeia a vida das pessoas e impede a vivência de suas respectivas liberdades. Cinema inteligente, de se fazer relembrar leituras sobre o Panóptico, ideal penitenciário descrito por Jeremy Bentham, assim como questões foucaultianas acerca dos mecanismos do poder. O governo governa, o ser humano inexiste, a linguagem é uma arma para alienação, a privacidade é um sonho, o amor é um atentado contra a própria vida. Para melhor compreensão do filme, melhor ler o livro primeiro. Em tempos de reality shows, celebrizações do Nada e banalidade do Mal, nada mais atual para ver num domingo chuvoso. Recomendo a todos os mortais!
O CAMINHO DAS NUVENS
Sem jeito este O CAMINHO DAS NUVENS (2003), de Vicente Amorim. Atacado de clichês e boiando em estereótipos barateados que fabricam um nordeste-brasileiro-lugar-de-nadas, há muito desatualizado do real. Nossos sonhos já são outros – este pessoal todo precisa saber disso – e todo o esforço em narrar mais uma versão do traslado humano da pobreza nacional em busca de um emprego de “mil real” no sul-sudeste não conferiu ao longa um só momento de beleza. Sentimentos trabalhados (atrapalhados) com ilógicas metáforas empobrecem o roteiro. Filme em homenagem-puxa-saquismo ao cantor Roberto Carlos. Só isso ficou bem claro. Wagner Moura em seu pior filme. Sigamos, bucaneiros!
MONSTROS S.A.
Não consigo não-gostar da maioria destas animações moderninhas. São muito bem feitas e esbanjam criatividade. As personagens são por demais interessantes e as tramas, acredito, exploram ao máximo os recursos tecnológicos disponíveis. Um bom exemplo disso é o filme MONSTROS S.A. (2001), dirigido por Pete Docter, David Silverman e Lee Unkrich. Dizem por aí que essa película é até referência, motivo de outros muitos e sucesso em todos os aspectos. Tudo acontece numa fábrica de sustos, onde monstros os mais insólitos trabalham a manter de pé o estabelecimento tendo como obrigação a produção de sustos em crianças. Pode-se interpretá-lo com os olhos possíveis e diversificados. Bom mesmo, bucaneiros!
BLUE JASMINE
Mais um filme superinteressante de Woody Allen é este BLUE JASMINE (2013). Em tons de drama-comédia, a vida de uma mulher é contada desde seu “auge” – riqueza-futilidades – até o modo ativado de sua própria desgraça individual. Inapta à vida real após perder o marido milionário-trambiqueiro, que lhe punha tudo em mãos, Jasmine tenta de todas as forças reconquistar o seu lugar ao sol-ócio-luxo da vida ao passo que se enxerga dentro de um passado que não a deixa em paz um só instante. Filme sobre nossos conflitos pessoais mal resolvidos. Cinema de muito bom gosto. Recomendo a todos os mortais!
MEU PÉ DE LARANJA LIMA
Ele foi o segundo livro que li na vida. Lembro que me emocionei muito com a triste história do menino Zezé, escrita por José Mauro de Vasconcelos e publicado no Brasil no emblemático ano de 1968. Anos atrás, vi a primeira adaptação para o cinema, de 1970, e hoje pude ver a versão cinematográfica mais recente. Para minha grata surpresa, MEU PÉ DE LARANJA LIMA (2012), do diretor Marcos Bernstein, é um bom filme, com uma trilha sonora harmônica e fotografia por demais delicada. Tive medo de estragar as imagens que eu havia construído na memória, mas isso não aconteceu. Acrescentei imagens e recordei outras. O livro já se tornou um de nossos maiores clássicos literários. Narrativa que indico a todos os mortais, aos de corações jovens ou velhos. Sigamos, bucaneiros!
PERCY JACKSON E O LADRÃO DE RAIOS
Na correria, e num momento de fuga-do-mundo-real (é possível?), ainda deu para ver este tal de PERCY JACKSON E O LADRÃO DE RAIOS (2010), dirigido por Chris Columbus. Filmezinho modernoso não de todo ruim. Para a garotada, vale como uma iniciação no universo mitológico. Há referências bastante expressivas a Deuses e suas novelo-histórias. Sátiros, centauros e outros elementos de tal inventário imaginativo jogam em prol do argumento defendido pela trama. Para desanuviar, até que sim. No mais…
POCAHONTAS
Vejam só: o filme POCAHONTAS (1995), dirigido pela dupla Mike Gabriel e Eric Goldberg, revela uma Disney em-tentando “explicar” um pouco da colonização inglesa nas Américas, utilizando sua receita clássica de fazer cinema (emoção-emoção-emoção e mais emoção (apelação)), colocando como protagonista uma indígena. É interessante observar como os produtores da película empregaram as visões dos dois povos perante o processo de aculturação que se deu com o contato dos dois povos. Impossível não recordar de nossas estórias indianistas, a la José Martiniano de Alencar e companhia. Com esforço, dá para brincar de história com o filme.
127 HORAS
Um sujeito sai de casa em busca de um fim de semana de aventuras: ok. No meio daquilo que parecia apenas uma diversão e um esforço pessoal em superar seus próprios limites, Aron escorrega numa fenda rochosa e fica com um de seus braços presos por uma enorme pedra: nada ok, certo? O filme é sobre esse momento. Como e o que fazer numa situação dessas? 127 HORAS (2010), do diretor Danny Boyle, vai lhe mostrar como foram os 5 dias de aflição vividos por este homem. Tensão por longos minutos. 6 indicações ao Oscar. Baseado na história real do alpinista Aron Ralston. Recomendo a todos os mortais!