A curadoria é da bibliotecária Ana Merege, uma entusiasta da obra do escritor, e de Veronica Lessa, coordenadora de Difusão Cultural da BN.
“Ao pesquisar sobre Lobato, vemos que sua contribuição à literatura brasileira foi muito além das fronteiras do Sítio do Picapau Amarelo. É o que procuramos mostrar nesta exposição, chamando atenção para o trabalho dele como editor e tradutor, cuja iniciativa deu grande impulso ao mercado do livro no Brasil. Ao mesmo tempo, buscamos contemplar os vários artistas que contribuíram para enriquecer suas obras”, explica Merege.
Para Helena Severo, presidente da BN, Monteiro Lobato figura na constelação dos grandes intelectuais brasileiros do século XX. “Sua obra infantil, embora datada, ainda permanece no imaginário de várias gerações de brasileiros. Além de reunir edições históricas dos livros de Lobato, a exposição traz também algumas de suas correspondências com grandes nomes da cultura brasileira de seu tempo. Mais do que homenagear, a proposta da exposição busca resgatar a memória literária de Monteiro Lobato através da disponibilização do vasto acervo da Biblioteca Nacional.”
A exposição ficará em dois ambientes no terceiro andar do prédio sede, na Avenida Rio Branco: o Salão de Obras Raras e o corredor do terceiro andar. Dentro do salão, um painel fará a cronologia da vida e obra de Lobato e duas vitrines mostrarão os trabalhos mais conhecidos do escritor, todos originais, sob um olhar diferenciado, através dos desenhos dos ilustradores dos livros, como Voltolino, Belmonte, Andre Le Blanc e Jean-Gabriel Villin, entre outros.
Outra vitrine mostrará os livros escritos para adultos, incluindo a primeira edição de Urupês, de 1918, a edição de 1970 de O Presidente Negro, seu único romance, coletâneas de crônicas e artigos e obras adaptadas, traduzidas e adaptadas por ele. Entre os destaques, estão um exemplar da primeira edição de Vida e Morte de M.J. Gonzaga de Sá, de Lima Barreto, e cartas trocadas entre os dois autores – Monteiro Lobato era o editor de Lima Barreto.
Além das obras originais, no corredor do terceiro andar estarão expostos os estudos e os desenhos do ilustrador Rui de Oliveira para a primeira adaptação das histórias de Lobato para a televisão, a série O Sítio do Picapau Amarelo.
O AUTOR
José Bento Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, São Paulo, em 1882. Homem de grande diversidade e talento, foi considerado gênio e pioneiro da literatura infantil e juvenil. Contudo, sua vocação era mesmo para as artes: pintura, fotografia e o mundo das letras. Suas publicações tiveram como propósito ser um instrumento de luta contra o atraso cultural e a miséria do Brasil. Em 1919, mudou-se para o Rio de Janeiro e criou o Sítio do Picapau Amarelo, que o celebrizou. Em 1920, lança O Narizinho Arrebitado, leitura adotada nas escolas. Traz para a infância um rico universo de folclore, cultura popular e muita fantasia. Publica Reinações de Narizinho, Caçadas de Pedrinho e O Picapau Amarelo. Os Trabalhos de Hércules concluem uma saga de 39 histórias e quase um milhão de exemplares vendidos. Suas obras foram traduzidas para diversos idiomas, tais como francês, inglês, italiano, alemão, espanhol, japonês e árabe.
Faleceu em 4 de julho de 1948, pobre, doente e desgostoso, aos 66 anos de idade. O cortejo do seu velório foi acompanhado por 10 mil pessoas cantando o Hino Nacional.
SERVIÇO
Monteiro Lobato: o homem, os livros
Abertura: 17 de abril
Exposição: 18 de abril a 18 de julho
Fundação Biblioteca Nacional
Avenida Rio Branco, 217, Rio de Janeiro/RJ