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Dá pra perceber?

Estive refletindo quanto ao sentido da vida. Obviamente, nada consegui concluir, dada a minha limitada condição humana. Mas persiste a analogia já batida de um bebê que vive ricocheteando nas minhas ideias. Talvez o objetivo da vida seja mesmo aquele da preparação para a morte. E não vale de nada o sujeito ficar reclamando que os recursos são escassos, que aqui é apertado, quente e não há ar puro o suficiente. O que precisa ser feito é viver bem, levar uma vida rica em aprendizados e preparação para a morte. Afinal, sabemos que já passamos por essa mesma transformação quando deixamos o ventre da mamãe. Tudo era doce e foi sublime no começo, na concepção. O solo já foi fértil e os recursos, um dia nos pareceram inesgotáveis. Mas ao longo de nove meses, tudo foi mudando. O líquido amniótico diminuindo, a impossibilidade dos movimentos. Mesmo depois de tantos chutes na barriga a mamãe não aliviou para você. E, quando você achou que iria morrer, você nasceu! Por que você acha então, que a Terra, essa mãe aumentada, iria deixar por menos? Ainda assim, e contudo, se você está lendo isso é porque fez o seu melhor e a mamãe soube cuidar bem de você, ainda que você ache que não.

                   

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