Arte Literatura Poesia Ricola de Paula

(Hangar 19) – Poema

(Hangar 19)

As empilhadeiras trabalham
em tempo recorde.
Empilhando papelão,pessoas
sonhos, lixo, doentes, plantas.
Empilhando respeito, emprego
ódio, agro tóxico e ar rarefeito.

Num canto qualquer
O estoque vai aumentando
A fileira de itens do depósito
Brasil da desconstrução.

Hora extra, noite a dentro.
Tudo etiquetado
com um número
e uma filipeta do depósito.

Relatório da Insolvência:

A mesma ladainha de mephisto.
formalizando o pacto social
com o inferno recém instalado.

A moeda e o lucro
após triturar os miolos
de gente como a gente.

O carnaval dos lobos e cordeiros.

O gritante falta de respeito
por todas as formas de vida.

O apagador de memórias.

Ricola de Paula

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