Cravado. Encravado. Atravessado no peito e na garganta há um murmúrio.
Murmúrio nauseabundo. Mudo.
Surdo prelúdio para o grito imenso, vasto.
Pois não basta o remoer das frases. Já não serve ruminar as dores da frustração do presente.
Não cabe ao corpo o desânimo, o pânico…
A infame vergonha de esconder-se!
O que vale é a fala e o fio do verbo!
O que vale é o movimento recorrente, pertinente de quem não teme nem treme diante de tamanha ausência de coerência!
E insisto! Da garganta arranco o espinho que me silencia e o transformo em lança. Arma e esperança!
E se no caminho fico. Finco meu corpo na terra. No tenro espaço da minha luta!
E não espero o luto.
Que o tombo de cada corpo seja um rombo na estrutura!
Um tapa na face pálida da injustiça.
Não… não espero luto.
Espero braços e vozes. Espero corpos e sonhos… também indignação!
Espero que brote de cada ausência sentida, de cada humano perdido uma flor renascida.
Espero em meu grito que fica o eco de todas as vozes esquecidas. Eu as convoco! Todas as forças eu invoco!
Mesmo que eu seja só eco… mesmo assim eu provoco!
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