ACUDI-ME, INSPIRAÇÃO !
Cá estou, nesta manhã chuvosa de sexta-feira, tentando escrever uma crônica. Diante do computador, meus olhos se movimentam entre a tela e o teclado. Os dedos, porém, permanecem inertes. Nenhuma inspiração me anima. Hoje, me sinto um deserto de ideias e emoções. Nada me faz, ao menos, esboçar um batuque no teclado.
Às vezes me pergunto por que me ocorrem com tanta frequência esses momentos de total vacuidade interior.
Que é da inspiração para me acudir ? Sem ela o verbo permanece calado.
Fazendo uma autocrítica, reconheço-me um velho teimoso, sempre procurando escrever algumas linhas com um mínimo de decência e valor literário. Algo que não me faça passar vergonha. Talvez me falte mais sensibilidade para atrair os ventos da inspiração. Sou pedra bruta, tronco rude e torto. Não tenho olhos para flores, nem ouvidos para trinados.
Onde procurar inspiração ? No caminho escuro dos meus sentimentos, onde sigo sem rumo, sem prumo, com passos descompassados ?
Às vezes penso que o que me falta é ouvir mais a vida. Ela nos fala em muitas linguagens. Se nos detivermos a ouvi-la e compreendermos seus códigos talvez encontremos muitas fontes de inspiração.
Também me ocorre que posso estar falhando em não valorizar mais as coisas simples da vida, em não enxergar-lhes o mais precioso: a beleza e as emoções que despertam .Em algum momento da minha caminhada errei ao supervalorizar as questões mais complexas e negligenciar a importância do comum. Perdi-me em alguma encruzilhada e agora pago o preço desse equívoco.
Desisto. A inspiração não me acode. Fico por aqui mesmo.
Por Gilberto Silos
“Fazendo uma autocrítica, reconheço-me um velho teimoso, sempre procurando escrever algumas linhas com um mínimo de decência e valor literário.”
As vezes é melhor se jogar. Deixar os demônios virem à tona. Em casos mais graves assine com outros nomes. Não jogue seus demônios fora.
Abraços!