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cabra-cega

muita vez aparento a força que eu não tenho.
eu me escondo covardemente no medo,
na angústia e nalguma preguiça.
eu deixo o verniz do ego
aprisionar a alma.
é quando eu não me banho de luz
na leveza, na humildade,
na compaixão para comigo mesmo.
eu me entranho na matéria
e eu me identifico com o corpo apenas.
mas quando raro o sentimento transborda
– rompendo a casca –
eu sou todo o palheiro
equilibrado sobre a agulha.
e não é preciso raciocínio
para eu me encontrar,
porque eu sempre estive,
só não estava
consciente.

(óleo sobre tela de Orlando Teruz)

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