Terminei a leitura de AGOSTO, romance de Rubem Fonseca. Muito bom. Tão bom que em 1993 a Rede Globo transformou-o em minissérie com 16 capítulos. Foi um sucesso.
A narrativa é uma mescla de ficção com fatos verídicos, históricos. Uma espécie de thriller, onde não faltam política, assassinatos, corrupção na polícia e no governo, amores não correspondidos, ciúmes doentios e outros ingredientes capazes de tornar a obra interessante. Como pano de fundo – e aí é que entra a realidade – aquele fatídico mês de agosto de 1954. Mês em que o Brasil viveu momentos de tensão política que culminaram no suicídio do então presidente Getúlio Vargas. Dias de agosto em que a ameaça de uma guerra civil parecia levar o país a um caos político e institucional. Tudo começara com o atentado contra a vida do deputado federal e jornalista Carlos Lacerda. Lacerda era o mais ferrenho inimigo político de Vargas, a quem atacava quase que diariamente na tribuna do Congresso com seus discursos inflamados e acusações de corrupção. O atentado foi tramado por membros da guarda pessoal do presidente, que contrataram pistoleiros profissionais para executá-lo. Porém, Lacerda saiu apenas ferido na emboscada que lhe prepararam. A bala assassina atingiu mortalmente o oficial da aeronáutica Rubens Florentino Vaz que naquele momento acompanhava o deputado. Estava aberta a crise. Os militares acusaram Getúlio Vargas de ser o mandante do crime e exigiram sua renúncia. A alternativa seria sua deposição. Vargas não aceitou nenhuma das alternativas. Optou pelo suicídio, e, como ele mesmo afirmou em sua carta-testamento, “saia da vida para entrar na História”. Era 24 de agosto, véspera do Dia do Soldado.
E assim, com estilo leve, direto e ágil, flui a narrativa de AGOSTO. Durante a leitura, muitas vezes detive-me, reflexivo, em algumas páginas. Vieram-me lembranças daquela manhã fria, lá na minha pequenina Casa Branca. Já com o almoço posto na mesa, chega meu avô materno com a trágica notícia: Getúlio Vargas suicidara-se. Eu, então com apenas 13 anos, vi uma cena a qual nunca esquecerei. Meu avô e minha mãe abraçados, chorando convulsivamente. Eram getulistas convictos.
Por Gilberto Silos
Ainda vou ler esse livro também…boa dica!!!
Apesar dos pesares Getulio era um estadista. Estou lendo Machado de Assis.