Um Sábado Leve com Mário Quintana
Manhã fria de um sábado. Primeiro dia de agosto. Da janela do meu quarto tento ver se o sol já saiu. A expectativa é de que ele apareça glorioso entre as nuvens e me aqueça neste inverno. O tempo anda meio cinza. Literal e metaforicamente falando. Tempos de pandemia. Mas, chega de falar do coronavírus. Merecemos algo mais leve.
Fico procurando algo leve – qualquer coisa – em minha imaginação. E, o que procuro está muito próximo. Encontro a leveza de Mário Quintana no seu livro A Vaca e o Hipogrifo, perdido no meio de outros livros sobre a minha mesa.
Eu me divirto com suas bem humoradas definições. Uma delas é a de AUTODIDATA: ”É um ignorante por conta própria”. Essa carapuça me serve.
Agrada-me a ternura com que ele fala dos poetas e da poesia:
- “Mas, afinal, para que interpretar um poema? Um poema já é uma interpretação.”
- “Com a decadência da arte da leitura, daqui a trinta anos os nossos romancistas serão editados exclusivamente em histórias em quadrinhos. A grande consolação é que jamais poderão fazer uma coisa dessas com os poetas. A poesia é irredutível.”
- “Todo poema é uma aproximação. A sua incompletude é que o aproxima da inquietação do leitor.”
- “Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente…E não a gente a ele!”
- “Há muito que os marcianos invadiram o mundo: são os poetas e como não sabem nada de nada limitam-se a ter os olhos muito abertos e a disponibilidade de um marinheiro em terra…Eles não sabem nada, nada, e só por isso é que descobrem tudo.”
- “Eu acho que todos deveriam fazer versos. Ainda que sejam maus. É preferível, para a alma humana, fazer maus versos a não fazer nenhum. O exercício da arte poética é sempre um esforço de auto-superação e, assim, o refinamento de estilo acaba trazendo a melhoria da alma.”
Obrigado, Quintana. O sol ainda não deu as caras, mas acredito que meu sábado será leve.
Por Gilberto Silos
O meu sábado ficou leve depois de ler o seu texto Gilberto…Realmente, Mário Quintana é genial!
Abraço!