Arte Teatro-Dança

Theatro Municipal celebra centenário de sua primeira bailarina negra

Theatro Municipal celebra centenário de sua primeira bailarina negra

O Theatro Municipal Palco Livre destacou, os 100 anos de nascimento de Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra do Teatro

Foto: Arquivo Nacional/Correio da Manhã

Por Quintino Gomes Freire -20 de maio de 2021

Theatro Municipal Palco Livre destacou, nesta quinta-feira, dia 20, os 100 anos de nascimento de Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Ela ingressou na Escola de Danças Clássicas do TMRJ nos anos 40, mas foi em 1948 que entrou profissionalmente para o Corpo de Baile do Municipal. A live foi vista no Instagram @theatromunicipalrj.

Professor e pesquisador da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, Paulo Melgaço, autor da biografia de Mercedes Baptista, conversou com Wagner Gonçalves, carnavalesco e artista plástico que homenageou a bailarina em 2008 com o enredo “Mercedes Baptista, a cada passo, um passo” com a escola de samba Acadêmicos do Cubango, que desfila no Grupo de Acesso do Carnaval do Rio.

Mercedes Baptista nasceu em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Filha de João Baptista Ribeiro e Maria Ignácia da Silva, Mercedes veio com a mãe costureira para a capital. Grande amiga da filha, Maria Ignácia começou a trabalhar como empregada doméstica no bairro do Grajaú, Zona Norte do Rio de Janeiro, para que a menina pudesse ter uma vida melhor. Pouco se sabe sobre o pai. Para ajudar a mãe, ela trabalhou em uma gráfica, fábrica de chapéus e bilheteria de cinema, local onde descobriu sua vocação: a de ser bailarina.

Mercedes teve as primeiras aulas com a professora Eros Volúsia, bailarina do Theatro Municipal e pesquisadora da cultura e folclore nacional. E logo a garota talentosa já apresentou uma coreografia ao lado do bailarino Octacílio Rodrigues. Em seguida, na Escola de Dança do Theatro Municipal, teve aulas com o estoniano Yuco Lindberg e o tcheco Vaslav Veltchek. O mestre Yuco viu o potencial da nova aluna e conseguiu ajudá-la, inclusive coreografando para ela o balé “Iracema”, no papel da índia de José de Alencar.

Mercedes Baptista sentiu na pele o preconceito e a discriminação racial em diversos momentos, inclusive no próprio Theatro, quando não foi avisada da última prova prática para ingressar no Corpo de Baile, pelo simples fato de ser uma mulher negra. Ela descobriu a tempo e precisou realizar a seleção junto com os bailarinos homens para conseguir concorrer. Foi assim que ganhou o lugar no elenco.

Mercedes Baptista morreu em 18 de agosto de 2014 e já recebeu diversas homenagens póstumas. Até hoje é símbolo de luta pelo lugar do negro no mundo.

Diretor-Executivo do Diário do RIo e defensor do Carioca Way of Life
 
 

Deixe uma resposta