Arte Cinema Gilberto Silos

O Eterno Glamour de Casablanca

O Eterno Glamour de Casablanca

Se algum turista for a Casablanca, no Marrocos, e procurar o Rick’s Café, certamente não vai encontrá-lo. Esse bar só existiu em Hollywood, nos estúdios da Warner Bros. Nele foram rodadas as cenas do filme Casablanca, em 1942. Dirigido por Michael Curtiz, foi vencedor de três Oscars em 1943: melhor filme, diretor e roteiro.

O que esse filme tem de tão extraordinário para manter-se até hoje em  quase todas as listas dos “dez melhores de todos os tempos”?

O pano de fundo do enredo é a Segunda Guerra Mundial, mas não é um filme de guerra. Sua narrativa melodramática tem como enfoque um triângulo amoroso.

O cinema já abordou triângulos amorosos milhares de vezes. Filmes de guerra também são rodados até hoje, como é o caso recente de “Dunkirk”. A trilha sonora, “As Time Goes By”, de Max Steiner, é linda, mas outras melhores já foram compostas.

Nas três pontas do triângulo amoroso encontramos Rick Blaine (Humphrey Bogart), Ilsa (Ingrid Bergman) e Victor Laszlo (Paul Henreid ).

Rick é dono do Rick’s Café na cidade marroquina de Casablanca, na época uma colônia francesa. Cínico e moralmente ambíguo, mantinha-se à parte de questões políticas. Quando residia em Paris conhece Ilsa. Ambos se apaixonam. Em 1940 as tropas alemãs invadem a França. O casal decide abandonar o país, marcando o encontro na estação ferroviária. Ilse não vai ao encontro e não dá notícias. Rick sente-se traído, deixa o país e se estabelece em Casablanca. Dois anos depois Ilsa aparece no Rick’s com  seu então marido Victor Laszlo, um dos líderes da resistência checoslovaca, perseguido pelos nazistas. Sua intenção era conseguir com que Rick a ajudasse a obter um salvo-conduto para ela e o marido fugirem para os Estados Unidos. Mesmo atormentado por um dilema amoroso, Rick decide ajudá-los a sair do país antes que a Gestapo os apanhasse. Sob aquele verniz de cinismo havia um coração sentimental.

Com o apoio de um grande elenco internacional (Peter Lorre, Claude Rains e Conrad Veidt) Casablanca no fundo é uma história convencional, mas solidamente construída e contada.

Não é a melhor de todas as obras cinematográficas, porém, é a mais amada. Seus enquadramentos e ambiguidades oferecem tantos desdobramentos que toda vez que a revemos parece que a estamos assistindo pela primeira vez. Umberto Eco escreveu em seu livro “Viagens na Irrealidade Cotidiana” que “Casablanca não é um filme, é muitos filmes, uma antologia”.

O passar do tempo não destruiu a sua magia.

Por Gilberto Silos

 

 

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