Uma mensagem humanista
Sábado passado, eu e um velho amigo nos encontramos no Mercado Municipal para saborear um pastelzinho e jogar conversa fora. Por sinal, é uma boa terapia.
Papo vai, papo vem, e ele me pergunta: “Você sabe de um bom filme sobre Natal para assistir agora no recesso de fim de ano?“ “Que não seja daquelas coisas lacrimosas e piegas que a TV costuma exibir nesta época?”.
Pensei um pouco e lhe dei uma dica: “A felicidade não se compra”, de 1946, dirigido por Frank Capra. É um clássico. Não sei onde poderá encontrá-lo. Mas, humanista como você é, creio que vai gostar da mensagem”.
Tenho cá minhas dúvidas se meu amigo aceitará a sugestão. Há muito preconceito contra os clássicos antigos, principalmente quando filmados em branco e preto. Os filmes, tal como as pessoas, também envelhecem. Alguns, pela mensagem que transmitem, se tornam atemporais. Pelo seu conteúdo social, político e humanístico, permanecem atuais, talvez até mais do que na época de seu lançamento. Resistem ao tempo e às transformações da sociedade. São visionários, antecipando-se à realidade que emergiria nas décadas subsequentes.
A essência do famoso discurso no final de “O grande ditador”, as metáforas visuais de “Tempos modernos”, ambos de Chaplin, parecem contemporâneas. A primeira, um vigoroso libelo contra o militarismo; a segunda, uma crítica à desumanização do homem pela sociedade industrial capitalista, não perderam atualidade.
Não darei aqui um “spoiler” sobre “A felicidade não se compra”. Mas não resisto a adiantar que sua mensagem de solidariedade fala muito à nossa consciência. Ela é necessária principalmente neste momento de turbulência, em que as pessoas se sentem ameaçadas de todas as formas. A pandemia, o desemprego, a fome, são uma triste realidade, escancarada a “céu aberto”.
1946 foi um ano de filmes excepcionais. Dentre eles, destaque para “A felicidade não se compra”. Minha opinião pessoal: vale a pena ver o filme. E que final emocionante!
Por Gilberto Silos.