Arte Literatura Poesia Ricola de Paula

Fulano Saci

A bucha cresce pendurada no espaço, segura pelos braços finos das amoreiras sem fruto.
O cipó é cabeludo
A cabaça é careca
O escaravelho é chifrudo
Pastor é alemão
Forte é comari, malagueta, caiena
Garimpo na serra própolis, mel, Mantiqueira mina de água pura, dá de beber aos rios, ribeiros, córguinhos. Sob  seus pés habitam fiéis predadores – o choupin, o tucano, o homem  ignaro sapiens – suja o rio, come cimento.  Contudo, a luz  do orvalho rola nas  águas, cristal liquido, do céu, sangue, metal. A alma da  serra se  mescla com  a minha,  cerzidade  outras  cores, a natureza consegue ungir a vida em seu momento de misericórdia.
Se bem que é  cobra comendo cobra, inseto comendo inseto urubu querendo carniça.
Foi que fulano  saiu do  mato,  e foi  ao cartório local tirar a certidão de nascimento. O funcionário perguntou:   Qual o seu nome? Ele respondeu não sei. O funcionário perguntou onde você nasceu?  Ele respondeu não  sei. E assim ficou escrito  na certidão – Fulano Saci – local de nascimento: taquara 7.
A grota é grotesca
barbante é capim
Quem gosta de grilo é passarim.

Ricola de Paula

One Comment

Deixe uma resposta