Arte Literatura Poesia Ricola de Paula

Tarja Big-Bang

Minha única arma por segurança
é portar o revólver dos Beatles
Leonor Rigby não apareceu
houve desencontro no mercado.
Bem na hora, exacta marcada,
mas com mancada.

Penso nos violinos mágicos, infinitudes.
Catálogos, listas telefônicas, vacilos
Bibelôs, papéis de bala, passagens.
Caracas!?!?! e essa tal de magnólia.

António atônito, inesgotável,
atulhado com seus pensamentos.
Achou a fonte e vivenciou o potável.
Pode conhecer o velho passageiro de Magritte
sentado no banco de areia dos cafundós.

Uma cusparada resvala os pombos.
Tontos fazem revoada ao redor da fonte.
Antônio chora, jogando migalhas no chão.
Porra! de salário que nunca sobra nada.

Com as mãos ágeis espanou
o chapéu do amigo.
Colocou gentilmente ao seu lado.
Guardou a chuva no bolso do colete
e um punhado de balas de alcaçuz.
Ficaram olhando para o horizonte.

Tela plana com planos de vida.
Cores fortes, renascer intenso.
O que poderíamos levar daqui?
se talvez fosse o último instante.

Cabeças assinaladas
pela linha do horizonte.

Hei de ir na montanha
sem cansaço, sem tormento
encontrar o ribombo amigo
entre nuvens pé-de-chumbo.
A bola de sol oculta
Melancolia
na massa cinzenta
que embaça o dia.

Me aprofundo
em seu decote
toque vintage.
Deslizante
Colo a mão
na viscose.

Contraio o diafragma.
Tenso, anoiteço
em suas pernas quentes.
Beijos em estoque
Marzipan e framboesa.

O patchuli da montanha.
A chegada dos pirilampos.

 

Ricola de Paula

2018

Deixe uma resposta