Arte Gilberto Silos Poesia

   Gente “diferente”

Gente “diferente”

Abênção, Antonio Meu Fio!

Faz 61 anos que você partiu;

lembrei-me agora

no Dia de Finados.

Partiu para uma melhor.

Só podia ser para melhor,

homem bom e simples

que você sempre foi.

Gente como a gente,

gente do povo;

contador de “causos”

entre uma pinguinha e outra

(fica só entre nós).

Se é que existe céu,

você só pode estar lá.

Lembrei-me agora,

no Dia de Finados,

que, fardados, eu e meus

companheiros do Tiro de Guerra,

acompanhamos seu enterro,

carregando o caixão

pelas ruas da cidade.

Nunca, nem os maiores

figurões locais

receberam tal homenagem.

Você nasceu e partiu

nos braços do povo,

Antonio Meu Fio.

Hoje seria considerado

figura folclórica daquela cidade.

Mas ninguém conhecia

o significado da palavra folclore.

Diziam que você era “diferente”.

Talvez nem se lembre,

mas outros, “diferentes” como você,

também acompanharam o enterro.

Lá estavam o João “Ciência”;

o Chico “Bico Doce” e seus palavrões;

o Nininho, que no meio da rua

teve um ataque de epilepsia.

Vi também o Dito Bicho,

o Durango Kidd, o Leto e o Jacaré.

Todos nós choramos muito por você

e pela nossa cidadezinha

que naquele momento triste

perdia um pouco de sua humanidade.

Abênção,  Antonio Meu Fio!

 

Por Gilberto Silos

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